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Débora, hope you like it <3

Peguei num caderno antigo, abri ao acaso e comecei a ler. “Nova Iorque, 11 de Setembro de 2011”, lembrava-me perfeitamente desse dia e já se tinham passado onze anos.
“- Estou Zayn?
- Bom dia princesa, PARABÉNS!
- Oh Zayn, obrigada! Quem me dera que pudesses estar aqui comigo, nem sabes como era importante para mim. – Dizia eu, com um ar triste.
- Eu também adorava estar aí contigo princesa. Portanto, daqui a 3 horas vai para as chegadas do aeroporto e espera por mim porque chego no avião das 11 da manhã!
- Oh meu deus, estás a brincar comigo?
- Nunca brinco com coisas sérias princesa, já devias de saber! Olha, estão a chamar-me, tenho de ir. Até logo meu amor, amo-te muito.
- Até lo.. – Fui interrompida pelo “pi pi pi” do fim de chamada.
Pousei o telemóvel e fui tomar um banho. Demorei cerca de uma hora até decidir o que haveria de vestir e assim que olhei para o relógio e vi quanto tempo tinha passado, dei um berro e vesti a primeira coisa que me apareceu à frente. Uma hora depois estava pronta. Olhei-me mais uma vez ao espelho, sorri e saí de casa em direção ao aeroporto.
Tinha ainda uma hora para lá chegar portanto podia ir com calma. Mas tudo o que eu não tinha era calma. Já não estava com o Zayn há três meses e tinha imensas saudades dele. Namorávamos há dois anos e nunca tínhamos ficado tanto tempo separados um do outro. Mas o nosso amor era superior a tudo e isso já tinha sido comprovado depois das imensas histórias inventadas a nosso respeito.
Saí do metro e entrei no primeiro Starbucks que me apareceu à frente.
Ainda me lembrava perfeitamente do que o Zayn costumava pedir: chocolate quente, bem quentinho. Pedi um para mim  e fui para o aeroporto. Não era longe e com a pressa que estava bastava-me andar dez minutos e chegaria lá.
Passei os olhos pelo ecrã onde dizia “chegadas”. “De L.A. daqui a 10 minutos.”
“Acalma-te Débora, está quase! São só dez minutos e ele chega!”
Subi ao primeiro andar do aeroporto e fui-me sentar na esplanada do café que tinha vista para a pista de aterragem. Olhei para o relógio. “Cinco minutos”, pensei. Pus os óculos de sol, desviei o cabelo da testa e fixei o meu olhar na pista. Já não ia lá a tantos anos que nem me lembrava que se podia ver as torres gémeas dali. Sempre tivera como sonho trabalhar lá. Não sabia explicar, era um sonho de criança. Voltei à realidade quando vi um avião. “FINALMENTE!”, dizia para os meus botões. Conseguia vê-lo a chegar perto das torres gémeas e levantei-me instantaneamente.
Ia para aquela esplanada desde pequenina esperar por alguém que viesse cá passar ou Natal ou as férias de verão por isso sabia perfeitamente o percurso que o avião fazia desde que era possível vê-lo. E havia qualquer coisa mal. Não estava a bater certo com o costume e não fui a única a reparar nisso. À medida que eu me ia chegando à frente, as pessoas que estavam na explanada também o iam fazendo. “O que se passa?”, “Mas o avião assim vai contra as torres gémeas!”, era o que as pessoas à minha volta diziam. E eu só queria gritar-lhes que estivessem caladas porque tudo aquilo que estavam a dizer era um enorme disparate, mas fazia cada vez mais sentido aquilo que estava a ouvir.”
Fechei o caderno e limpei as lágrimas que não paravam de cair. Peguei na foto do Zayn que tinha guardada a meio do caderno e senti como se ele estivesse ali comigo. Desliguei a luz e deitei-me. Eu ainda tinha esperanças que ele voltasse.

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